Conveniência: a estreia literária que nasceu entre rascunhos, dúvidas e ética profissional

Adamy Gianinni
Adamy Gianinni
Editor-chefe
Sou jornalista e escritor. Estudei mídias digitais e gestão pública para entender como o poder se disfarça na tecnologia. Agora, no 2º semestre de Análise e...
4 Min leitura
Livro Conveniência (Foto: Divulgação)
Livro Conveniência (Foto: Divulgação)
Livro Conveniência (Foto: Divulgação)

Publicar um livro sempre foi uma meta antiga. Desde criança, eu imaginava esse momento como um ciclo obrigatório da minha trajetória. Não por vaidade, mas porque tenho a tendência de perseguir o que desejo até o limite — e, quando percebo que algo é impossível, só então recuo. Conveniência nasceu exatamente desse impulso e de um acúmulo de vivências que fui registrando por mais de oito anos: rascunhos, experiências, frustrações, ideias soltas e situações que chegavam a beirar o absurdo. Eu sabia que, de alguma forma, dali sairia um livro.

Não queria escrever uma biografia nem transformar minha vida em narrativa. Meu objetivo era outro: reunir pensamentos que surgiam nos meus momentos de devaneio, quando meu cérebro escapava da realidade para inventar histórias que eu nunca tinha vivido, ou fantasiar situações que poderiam render boas tramas. No fim, esses fragmentos se tornaram matéria-prima para algo maior.

Conveniência parte de um dilema que sempre me inquietou: o ponto em que a ética profissional colide com aquilo que é tentador ou sedutor. Quando alguém precisa cumprir uma missão, mas as regras do jogo estão ao alcance das mãos — e podem ser dobradas, desde que o resultado final seja aquele previsto em contrato. Certo ou errado? Esse limite sempre me pareceu terreno fértil para ficção.

Ser sincero com o processo é fundamental: o livro não saiu como eu queria inicialmente. Precisei mudar o enredo para dar concisão, ajustar cenas, repensar personagens e seguir regras que a literatura exige. No caminho, parte da essência do que eu tinha imaginado se perdeu. Ainda assim, o resultado final me deixou satisfeito. Houve sugestões para novas modificações, mas decidi manter a versão atual por uma questão de identidade. Preferi preservar minha forma de escrever, com suas imperfeições e escolhas, mesmo que o livro tenha deixado de ser um romance para se assumir como uma novela política.

Essa publicação marca minha entrada no território literário. Até então, minha casa era o jornalismo — um ambiente de redação noticiosa, precisão factual e texto direto. A literatura é outro jogo. Qualquer um pode escrever um livro, mas a pergunta que realmente importa é: isso interessa a alguém? Há algo novo ali? Esses questionamentos me acompanharam do começo ao fim. Por outro lado, ver um projeto próprio ganhar forma, com diálogos pensados, cenas construídas e uma narrativa que saiu inteiramente da minha cabeça, é uma recompensa que não dá para subestimar. Como profissional e como indivíduo, é a prova de que eu podia fazer isso.

No fim, Conveniência entrega o que eu buscava — mesmo com ajustes, perdas e redirecionamentos. Espero que seja uma leitura instigante para quem gosta de política, para estudantes, professores, jornalistas e curiosos em geral. Se não atender todas as expectativas, paciência. Atendeu às minhas, e isso já seria motivo suficiente para seguir adiante.

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Sou jornalista e escritor. Estudei mídias digitais e gestão pública para entender como o poder se disfarça na tecnologia. Agora, no 2º semestre de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, investigo o lado técnico da história. Escrevo sobre política, mídia e tecnologia com independência, ceticismo e zero paciência para o óbvio.