Desde que nascemos, somos empurrados para dentro de um roteiro pronto. Família, escola, trabalho, consumo. Nada disso é opcional: precisamos estudar para ter acesso a oportunidades, precisamos trabalhar para garantir sustento, precisamos seguir leis e pagar impostos para não sermos punidos. Até aqui, trata-se da engrenagem básica da vida em sociedade.
O problema começa quando esse roteiro se expande para além do necessário e passa a ditar também a forma como deveríamos viver e ser felizes. A fórmula é conhecida: diploma, carreira, casamento, filhos, patrimônio. Quem não se encaixa nesses marcos é visto como incompleto, um “desajustado” social.
O casamento é talvez o exemplo mais visível desse padrão. Em muitas famílias, ainda se espera que a felicidade plena só chegue no dia em que a pessoa “assinar papel” ou “subir ao altar”. Para algumas mulheres, sobretudo em regiões mais tradicionais, o casamento ainda é tratado como obrigação, não escolha. A cerimônia, por sua vez, transformou-se em espetáculo de consumo, com mais peso social do que pessoal.
Mas a verdade é que ninguém precisa se casar para ter carreira, filhos ou patrimônio. Assim como ninguém precisa acumular bens para ser feliz. O que nos sustenta, de fato, são os momentos que construímos, as pessoas que escolhemos ter por perto e a liberdade de seguir caminhos fora do script.
Seguir padrões básicos da sociedade é inevitável — afinal, não há vida digna sem trabalho, saúde e responsabilidades coletivas. Mas confundir esses deveres com uma fórmula de felicidade é um erro. A vida não é um manual de instruções.
A verdadeira rebeldia está em reconhecer: podemos ser felizes dentro ou fora dos padrões, sozinhos ou acompanhados, sem pedir autorização à sociedade para validar nossa existência.
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