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Felipe Neto, “candidato”, e a mídia que caiu no próprio 1984

O vídeo do influenciador Felipe Neto se tornou um espelho do livro 1984, com a grande imprensa como protagonista involuntária

Adamy Gianinni
Adamy Gianinni
Sou jornalista e escritor, com formação em mídias digitais e gestão pública, e atualmente me especializando em jornalismo tecnológico. Minha missão é analisar, com independência e...
2 Minutos de leitura
Uma televisão antiga de tubo, em preto e branco, transmitindo uma propaganda política distorcida (Créditos: Adamy Gianinni/IA)

O influenciador Felipe Neto publicou um vídeo em tom satírico anunciando sua “candidatura à presidência da República”. O conteúdo imita uma propaganda política tradicional, com slogan, jingle e discurso típico de campanha. Tudo isso com uma referência direta ao livro 1984, de George Orwell, em crítica à manipulação midiática.

A pegadinha era óbvia para quem conhece seu conteúdo, mas ainda assim vários perfis e páginas de notícias publicaram o vídeo como se fosse um anúncio real, sem qualquer apuração ou checagem básica. A ironia se perdeu — e o ponto da crítica ficou ainda mais evidente.

Este é exatamente o padrão que eu sempre critiquei.

A imprensa, cada vez mais imediatista e movida a cliques, atropela o básico do jornalismo: verificar os fatos. Se nem mesmo uma sátira assumidamente inspirada em 1984 é analisada antes de virar notícia, o que mais está sendo reproduzido sem filtro?

Essa história não é sobre política, nem sobre fama. É sobre como a mídia tradicional caiu na própria armadilha: a superficialidade travestida de urgência.

No fim das contas, o vídeo de Felipe Neto acabou sendo uma demonstração prática do que Orwell descreveu em 1984: a verdade se torna irrelevante quando a narrativa é moldada para gerar impacto, não compreensão.


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Sou jornalista e escritor, com formação em mídias digitais e gestão pública, e atualmente me especializando em jornalismo tecnológico. Minha missão é analisar, com independência e rigor, como política, tecnologia e mídia moldam a sociedade contemporânea — sempre com transparência, senso crítico e compromisso com a informação de qualidade.