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Quando o herói morre e o jogo não acaba: uma crítica amarga a Red Dead Redemption 2

Um épico cinematográfico que prometeu redenção, entregou frustração e ainda fez questão de continuar sem alma depois do fim

Adamy Gianinni
Adamy Gianinni
Sou jornalista e escritor, com formação em mídias digitais e gestão pública, e atualmente me especializando em jornalismo tecnológico. Minha missão é analisar, com independência e...
4 Minutos de leitura
(Créditos: Rockstar Games)

De todas as experiências ruins que já tive com jogos, Far Cry 2 era a pior até jogar Red Dead Redemption 2. Não estou falando de gráficos, desempenho ou jogabilidade — nisso a Rockstar acerta em cheio. A frustração vem da narrativa, da condução da história e da forma como os personagens foram desenvolvidos para um fim que simplesmente não entrega o que promete.

Uma promessa de imersão… e o peso do tempo

O início do jogo é demorado até você assumir o controle. Algo semelhante a Far Cry 4 e Far Cry 5. Os detalhes gráficos e animações são impecáveis, mas senti falta de opção para pular cenas repetitivas como a esfolagem de animais. Sou jornalista, não posso passar horas e horas em um jogo. O foco é a campanha principal.

Ainda assim, os NPCs são ricos, os cenários são deslumbrantes, a música é imersiva. Tudo ali é caprichado. Em termos de execução técnica, é uma obra-prima. Mas a experiência é outra história.

Da vilania à redenção — mesmo sem querer

Comecei o jogo decidido a ser o vilão. Queria explorar o lado “fora-da-lei” de verdade, manter a reputação ruim até o fim. Mas conforme os desdobramentos da história, com a doença do Arthur e a interação com alguns personagens-chave, não consegui manter essa linha.

Nem em jogo eu consigo ser cruel. Passei a ser o mocinho. Não consegui cobrar dívidas de uma grávida, nem de uma viúva com uma criança. Ajudei os indígenas. E isso se refletiu na reputação, que saiu do vermelho até se tornar positiva.

Imagem capturada no jogo Red Dead Redemption 2 (Créditos: Rockstar Games)
Imagem capturada no jogo Red Dead Redemption 2 (Créditos: Rockstar Games)

A morte de Arthur: o ápice… ou o fim prematuro?

Arthur morre. Isso não é mais spoiler. A tuberculose já anunciava esse destino, mas esperava algo maior, mais significativo. No meu final, ele ajuda o John e morre sozinho, deitado na montanha, olhando o sol. Tudo escurece.

E é aí que entra o que mais me irritou: a história não acaba. Começa o epílogo.

John Marston e o epílogo sem alma

O jogo me obriga a assumir o John, em uma fazenda, em missões irrelevantes como laçar um touro. Parece um simulador de vida agrária. Nada contra, mas não era o que eu esperava. E o pior: é como se o jogo fizesse de conta que a morte de Arthur não exigisse qualquer homenagem digna.

Micah, o traidor, é um ponto que alivia um pouco a frustração quando finalmente enfrentamos ele. Mas é tarde demais.

Imagem capturada no jogo Red Dead Redemption 2 (Créditos: Rockstar Games)
Imagem capturada no jogo Red Dead Redemption 2 (Créditos: Rockstar Games)

A derradeira impressão

Red Dead Redemption 2 é um jogo incrível, mas que se sabota na tentativa de ser mais do que é. Sua insistência em prolongar a narrativa após o ponto de clímax tira o impacto emocional que deveria ter. Tudo após a morte de Arthur é morno.

Talvez eu jogue de novo, buscando outros finais. Mas uma coisa é certa: não vai entrar para minha lista de jogos para repetir. E agora, resta jogar Red Dead Redemption (o primeiro) e torcer para que não seja outra decepção.


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Sou jornalista e escritor, com formação em mídias digitais e gestão pública, e atualmente me especializando em jornalismo tecnológico. Minha missão é analisar, com independência e rigor, como política, tecnologia e mídia moldam a sociedade contemporânea — sempre com transparência, senso crítico e compromisso com a informação de qualidade.