A exoneração do diretor Américo Júnior, do Colégio Estadual Leônidas Araújo Silva, tem gerado grande repercussão na comunidade escolar e em parte da população local. A decisão foi publicada na edição do Diário Oficial do Estado da Bahia de 26 de fevereiro de 2025, constando que a saída do cargo teria ocorrido “a pedido” do próprio diretor. No entanto, em entrevista a este blog, Américo Muniz contesta essa informação e alega que não solicitou sua exoneração.
Conflito durante reunião pedagógica
O diretor relata que sua exoneração pode ter sido motivada por um conflito ocorrido durante a Jornada Pedagógica, realizada em 13 de fevereiro. Segundo ele, a Diretora Regional do NTE-23, o questionou de forma agressiva sobre o motivo do atraso no início das aulas, que estavam previstas para 10 de fevereiro. O diretor explica que notificou a Secretaria da Educação no dia 7 de fevereiro, por meio de ofício, informando que o transporte escolar não estaria disponível devido às manutenções realizadas pela prefeitura.
O colégio depende diretamente do transporte municipal, uma vez que 80% dos alunos necessitam do serviço para frequentar as aulas. Além disso, ainda faltavam nove professores a serem contratados, o que tornaria inviável o início regular do ano letivo. Segundo o diretor, esse modelo de início conjunto entre as aulas estaduais e municipais sempre foi adotado, sem prejuízo ao cumprimento dos 200 dias letivos obrigatórios.
Em seu relato, Américo Muniz também afirma que a diretora do NTE-23 o questionou sobre o curso técnico ofertado pela unidade escolar, ao que ele respondeu que as inscrições estavam abertas, alunos matriculados e o curso previsto para iniciar. O ex-diretor considera que sua postura pode ter desagradado a supervisora regional, resultando em sua exoneração.
Acusação de conduta inadequada
O ex-diretor também aponta que a Diretora Regional do NTE-23 teria tido uma postura inadequada durante a discussão, alterando o tom de voz, batendo a mão na mesa e o expondo publicamente ao tratar assuntos que deveriam ser discutidos de forma particular diante de outras pessoas. Ele considera que o tema deveria ter sido tratado de maneira mais respeitosa e reservada.
Mobilização popular e manifestações
A exoneração gerou revolta entre pais, alunos e membros da comunidade escolar. Em manifestação organizada em frente ao colégio, um grande público compareceu para protestar contra a decisão e exigir esclarecimentos. Nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, várias pessoas manifestaram apoio ao diretor, destacando sua dedicação ao colégio e seu histórico de gestão eficiente, incluindo melhorias na infraestrutura da escola e participação ativa em projetos estruturantes, com alunos trazendo prêmios para a unidade de ensino.
Em nota divulgada pelos organizadores do protesto, foi convocada uma reunião no dia 25 de fevereiro, com a presença da Diretora Regional do NTE-23, para que houvesse esclarecimentos sobre a exoneração. No entanto, segundo os manifestantes, a supervisora não compareceu ao encontro, o que gerou ainda mais insatisfação.
Além dos protestos presenciais, uma petição online foi criada para reverter a exoneração, reunindo assinaturas de apoiadores da permanência do ex-diretor. O abaixo-assinado, intitulado “Justiça por nosso Diretor”, argumenta que a demissão foi arbitrária e destaca a gestão de Américo Muniz como benéfica para a comunidade escolar.
Secretaria de Educação se pronuncia
Este blog entrou em contato com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia para obter esclarecimentos sobre os motivos da exoneração e se há documentação oficial comprovando que o pedido partiu do próprio diretor. Após tentativas de contato, a Secretaria respondeu com a seguinte nota:
“O Núcleo Territorial de Educação Bacia do Rio Corrente (NTE 23) informa que a motivação da exoneração do diretor do colégio teve caráter unicamente técnico, obedecendo as diretrizes relativas ao exercício da função e à política educacional da rede estadual. O NTE 23 mantém abertos seus canais de diálogo com a comunidade escolar e sociedade em geral para mais informações.”
A resposta, no entanto, não esclarece se há um documento assinado pelo ex-diretor solicitando sua exoneração, ponto central da polêmica. A comunidade continua mobilizada, reivindicando explicações mais detalhadas e a revisão da exoneração. O caso levanta questionamentos sobre transparência na gestão pública e o tratamento dado aos gestores escolares, especialmente quando há conflitos administrativos dentro das estruturas da educação estadual.


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